quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Natal...




Senhor,



De quantos Natais ainda necessitaremos



Para lembrarmos que a fraternidade



Deve ser vivificada em todos os dias do ano?



Senhor,



De quantos Natais ainda necessitaremos



Para compreendermos que o teu nascimento



Deve ser celebrado a cada momento?



Já que nos ensinaste a devestirmo-nos



Diariamente do homem velho



Que nos habita e nos aprisiona Senhor



,De quantos Natais ainda necessitaremos



Para trocarmos abraços descompromissados?



E sermos mansidão e doçura



Sem datas quaisquer marcadasPelo calendário que criamos



E com o qual regemos nossas emoções



Como se o amor fosse um sentimento sazonal Senhor,



De quantos Natais ainda necessitaremos



Para transformarmos em gestos e atitudes



As palavras que tão facilmente proferimos



Nesta época do ano



Quando falamos em solidariedade e perdão?



Tantas coisas que não entendo,



Senhor...



Talvez por isto, não saiba escrever sobre o Natal



Por que será, Senhor



Que dissertamos com tanta facilidade



Sobre a violência nas ruas



E não conseguimos reconhecer



A fúria que há dentro de nós



Quando nos sentimos atingidos



Em nossa vaidade pessoal?



Por que será, Senhor



Que suplicamos tanto pela paz no mundo



Se no dentro de nós



Superestimamos a pequena ofensa, a ira desmedida



Cravando os dedos da intolerância



Com os que estão mais próximos de nós?



Por que será, Senhor



Que nos permitimos perder o fôlego



Sufocando o sopro de vida



De todos os teus ensinamentos



Que nos desejam unidos em plena harmonia?



Ah, Senhor



Por que precisamos ainda recorrer a datas



Para nos reconhecermos irmãos



Para praticarmos a caridade



Se todos os dias a vida nos é ofertada



Como presente único e divino?



Senhor,



Resta-nos agradecer a Tua paciência para conosco



O Teu amor infinito e incondicional



Mesmo que nem sempre



Saibamos como Te escutarPorque quando conversamos contigo



Distraídos em nossos tantos pedidos



Não ouvimos Tua Voz a nos responder



Acariciando nossas dúvidas, dores



E todas as angústias que nos fragilizam



Nestes dias que antecedem



A celebração do Teu nascimento



Talvez andes a nos dizer baixinho



Em Tuas preces sobre todos nós



Que Teu maior presente



Seria que o Natal acontecesse todos os dias



Nos corações dos teus amados filhos.



Fernanda Guimarães

terça-feira, 2 de dezembro de 2008